Honda FCX Clarity: Primeiro modelo produzido em série movido a hidrogênio |
Inovação, de acordo com Christopher Freeman, é o processo que inclui as atividades técnicas, concepção, desenvolvimento, gestão e que resulta na comercialização de novos produtos, ou na primeira utilização de novos processos.
O conceito de Freeman é transparente e mostra a realidade que as grandes indústrias de produção em massa vivem desde os primórdios. Inovar é algo necessário para a vitalidade dos negócios. Poucas indústrias sobreviveram muito tempo fabricando apenas um tipo de produto.
Inovar é um ato natural dos seres humanos, mas os estudos realizados no último século ajudou a criar métodos para aplicação da inovação dentro das organizações. Inovar custa muito dinheiro para as empresas e nem sempre os responsáveis pela saúde financeira estão dispostos a bancar as idéias dos departamentos responsáveis pela inovação.
O processo de condução de um programa de inovação envolve várias etapas que podem ser definidas basicamente em: 1- Coleta de idéias 2- Seleção 3- Desenvolvimento 4- Implantação |
A Inovação pode ser diferenciada em tipos de inovações, entre outros:
- Inovação do produto (ou inovação tecnológica): introdução no mercado de novos ou significativamente melhorados, produtos ou serviços. Inclui alterações significativas nas suas especificações técnicas, componentes, materiais, software incorporado, interface com o utilizador ou outras características funcionais.
NSU RO 80 - Inovação de Produto ao lançar motor Wankel no mercado de produção em massa |
- Inovação do processo: implementação de novos ou significativamente melhorados, processos de produção ou logística de bens ou serviços. Inclui alterações significativas de técnicas, equipamentos ou software;
Chevrolet Celta - Inovação de processo |
Inovação organizacional: implementação de novos métodos organizacionais na prática do negócio, organização do trabalho e/ou relações externas;
Volkswagen Apolo - Inovação Organizacional |
- Inovação de marketing: implementação de novos métodos de marketing, envolvendo melhorias significativas no design do produto ou embalagem, preço, distribuição e promoção.
Inovação ainda pode ser distinguida entre Open Inovation e o correspondente oposto Closed Innovation. Closed Innovation refere-se ao processo de limitar o conhecimento ao uso interno de uma empresa e não fazer uso ou somente um pequeno uso do conhecimento exterior enquanto a Open Innovation refere-se ao processo de usar também fontes e informações externas (como licenças, patentes, etc.), melhorando a gestão do conhecimento e, entre outros, o conhecimento tácito da empresa, com o objetivo de acelerar o processo de inovações.
Citroen Traction Avant: Inovação ao lançar a tração dianteira unida a carroceria monobloco |
Peter Drucker em seu livro "The Essential Drucker", defende que existem pelo menos três condições que têm que ser cumpridas para que uma inovação tenha sucesso.
- Inovação é trabalho.
Exige conhecimento. Muitas vezes exige um grande engenho. E há claramente inovadores de maior talento do que o resto de nós. Além disso, os inovadores raramente trabalham em mais do que uma área. Apesar de toda a sua enorme capacidade inovadora, Edison apenas trabalhava na área da eletricidade. Na inovação, assim como em qualquer outra iniciativa, há talento, há engenho e há predisposição. Mas, no final, a inovação transforma-se num trabalho difícil, centralizado e intencional que faz grandes exigências de diligência, persistência e de empenho. Se isto não existir, não haverá talento, engenho ou conhecimento que ajudem.
2 . Para ter sucesso, os inovadores têm que se basear nos seus pontos fortes.
Os inovadores de sucesso analisam um conjunto vasto de oportunidades. Mas depois perguntam: “Qual destas oportunidades é adequada para mim, para esta empresa, utiliza aquilo em que nós (ou eu) somos competentes e mostrámos ter capacidades em termos de desempenho?”
Obviamente, quanto a isto, a inovação não é diferente de qualquer outra iniciativa. Mas pode ser mais importante na inovação basearmo-nos nos nossos pontes fortes devido aos riscos da inovação a ao aumento do conhecimento e da capacidade de desempenho que daí resulta. E na inovação, como em qualquer outro empreendimento, também tem que haver uma adequação temperamental. As empresas não têm um bom desempenho numa coisa que não respeitam. Os inovadores, da mesma forma, têm que estar temperamentalmente em sintonia com a oportunidade inovadora. Tem de ser importante para eles e tem de fazer sentido. De outra forma, não estarão disponíveis a investir trabalho persistente, árduo e frustrante que a inovação de sucesso exige sempre.
Uma mudança no comportamento dos clientes, dos professores, dos agricultores, dos cirurgiões, das pessoas em geral, normalmente está associado a uma mudança no processo, i.e., à forma como se trabalha e produz alguma coisa. A inovação, por conseguinte, tem de estar sempre próxima do mercado, tem de se centrar no mercado, sem dúvida tem de ser impulsionada pelo mercado.
Voltando para o mundo dos carros..
Dentro da indústria automtiva, há um mix de todos os tipos de inovação. As vezes um produto novo é lançado e parece não ter inovado em nada diante dos concorrentes. Entretanto, por baixo de formas simples e pouco atraentes pode estar um novo processo produtivo que melhore significantemente a qualidade e a produtividade da planta.
Exemplos disso não faltam em mercados emergentes como o Brasileiro. Um dos melhores exemplos está no projeto Arara Azul da General Motors. Na década de 90 a GM tinha o desafio de renovar a sua linha de produtos composta basicamente por dois modelos lançados na década de 70 e dois modelos lançados no ínicio da década de 80.
Complexo Automotivo de Gravataí no Rio Grande do Sul |
A linha precisava ser renovada, pois os concorrentes estavam se modernizando e o risco de perder uma boa fatia do mercado era iminente. Logo sua linha foi totalmente renovada com produtos oriundos da Europa, que agradou bastante aos consumidores.
Entretanto, essa linha de automóveis moderna tinha um custo muito alto de produção e como o volume de produção sofreu forte retração devido a crise que se instalou após o ótimo ano de 1997 era preciso inovar para aumentar a lucratividade por unidade fabricada.
Para isso, foi lançado um modelo popular, o Chevrolet Celta, oriundo do projeto Arara Azul. Como automóvel ele não foi uma inovação. Ao contrário. Baseado no Chevrolet Corsa lançado em 1994, o carro chegou apresentando um nível bem inferior de equipamentos e acabamento.
Os consumidores e a indústria inicialmente não receberam bem a novidade, com críticas a respeito da qualidade do veículo, entretanto a fábrica que fica em Gravataí no Rio Grande do Sul foi durante algum tempo a mais moderna da General Motors em todo o mundo.
Nem sempre inovar é algo positivo na indústria automotiva. a inovação pode trazer prejuízos enormes, pois nem sempre é o desejo dos consumidores. As vezes a indústria lança produtos tão avançados que os consumidores não estão preparados para absorver a inovação.
Citroen DS - Lançado em 1955 com tecnologias da década de 70 |
As indústrias francesa e italiana foram especialistas em lançar ótimos produtos mal compreendidos. Carros como o Citroen DS lançado em 1955. Apesar de introduzir tecnologias que só foram vistas em carros de luxo 20 anos depois e que hoje ainda são incomuns em carros de produção, não foi nunca um sucesso de vendas.
Entretanto, sempre o modelo DS seré lembrado quando a palavra inovação for associada a indústria automotiva. A Citroen usou todo o conhecimento adquirido com o projeto do DS para projetar novos modelos nos anos 60 e 70 e até hoje seus modelos de luxo se beneficiam da tecnologia da suspensão hidráulica.
Nosso próximo post sera sobre outro assunto interessante: a aplicação da ciência dentro da indústria automotiva, tema que tem tudo a ver com inovação.
Até a próxima amigos!
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