Hoje iremos abordar um assunto muito interessante e que nem sempre é levado a sério pelos gestores e governantes do país: o transporte de produtos e os tipos de logística empregada para garantir o menor custo operacional.
O Brasil é um expoente produtivo em diversos setores da econômia primária, o maior deles a agro indústria. É notável como a produção de alguns produtos atingiu um nível de excelência, servindo de business case para produtores de todo o mundo.
Fila comum nas estradas do Brasil: tempo perdido significa prejuízo para o produtor |
Apesar do Brasil ser um expoente quando o assunto é produtividade por hectare, ficamos na lanterna quando o assunto logística vem a tona. Baseado no modelo rodoviário de expansão rodoviária, o Brasil vive um verdadeiro anacrônismo logístico. O transporte rodoviário, criado para cobrir curtas distâncias com baixo custo e alta rotatividade é utilizado para fazer todo o escoamento da produção.
O mais alarmante é que, dono de dimensões continentais, o Brasil não oferece alternativas plausíveis para os produtores escoarem suas cargas. Em outros países, quando uma carga precisa percorrer distâncias maiores que 300 Km, é comum a utilização de transporte ferroviário e em outros que contam com a ajuda da natureza, ainda é possível utilizar meios fluviais.
Cerca de 10% da produção nacional é perdida nas estradas durante o transporte |
Boa parte da produção do Brasil fica pela estrada antes de chegar aos portos para exportação, destino da maioria da produção nacional. O transporte rodovíario é sujeito a diversos riscos, como roubo de carga, acidêntes causados por más condições de pista ou de tráfego.
Todos esses problemas convergem para uma realidade complexa na vida do produtor brasileiro. Dependendo quase que exclusivamente de exportação para sobreviver, precisa vender seu produto pela cotação internacional válida para todos os países.
Automatização não garante maior lucratividade aos produtores brasileiros |
Isso faz com que a vantagem adquirida com a alta produtividade que tornou famosa a produção nacional de grãos perante o mundo não torne os produtores brasileiros campeões de lucratividade.
Segundo o vídeo acima com a matéria exibida no Jornal da Globo no dia 06 de dezembro de 2010, é mais produtivo plantar soja no Brasil que nos EUA, porém a vantagem é toda perdida devido ao tipo de transporte utilizado pelos brasileiros.
Enquanto o produtor brasileiro utiliza um esquema empresárial para controlar os negócios, o produtor americano ainda está utiliza a produção famíliar como base. Entretanto, a falta de profisisonalismo do produtor americano é recompensada pela ótima estrutura logística que possui para escoar seus produtos até os portos.
Cena rara no Brasil: Terminal graneleiro de Itacoatiara no Rio Amazonas |
No Brasil, especialmente entre o Terminal Graneleiro de Porto Velho e o Terminal Graneleiro de Itacoatiara, no rio Amazonas seguem os comboios das balsas de soja produzida no cerrado Mato Grosso e no sudeste de Rondônia, ou com os grãos do Centro-Oeste.
A Hidrovia do Madeira consolidou-se com o transporte de soja e grãos há cerca de 7 anos e é quando o transporte de grãos pela calha do rio Madeira atingiu a média de 4 milhões de toneladas/ano, o rio ganhou novo "status", o de Corredor de Exportação.
Existem planos, programas e promessas oficiais e privados para que a calha do rio seja conservada e totalmente balizada de forma a permitir a navegação 24 horas por dia, durante o ano todo, para reduzir os custos do escoamento de grãos produzidos pelo Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso.
Frota de caminhões gerenciada eletronicamente: eficiência para minimizar as perdas |
Sabemos que mudanças culturais são árduas e transformar um país acostumado ao transporte rodoviário como sua principal veia logística será um trabalho a ser realizado por outras gerações de governantes e gestores.
A grande questão atual é a gestão do que já está disponível. Como minimizar os prejuízos causados pelas falhas na cadeia de transporte? A tecnologia está presente para ajudar os empresários e produtores que desejam controlar de perto sua frota de caminhões e as cargas de seus clientes.
O vídeo abaixo, mostra a rede VolksNet, uma das tecnologias disponíveis para gerenciamento de frota dos mais modernos no país.
Com este tipo de tecnologia, o gestor da frota pode gerenciar toda a sua frota, fazendo desde o rastreamento através do sistema de posicionamento global GPS até o controle de manutenção dos caminhões.
Existem outros sistemas mais modernos que monitoram através de cameras os motoristas, emitindos avisos em caso de perigo eminente. Acostumado com jornadas de trabalho pesadas, sempre sofrem acidentes causados pela falta de atenção ou mesmo por cochilos ao volante.
O grande problema deste tipo de serviço é o custo, nem sempre convidativo para os pequenos frotistas. Grande parte do transporte da safra de grãos brasileiros é feita por cooperativas, onde diversos caminhoneiros gerenciam com os produtores o transporte, impossibilitando a aplicação desta tecnologia.
A adoção deste tipo de sistema vai acontecer em massa e o custo do transporte vai diminuir com o tempo? O governo vai tomar ações construtivas e prover canais de escoamento alternativos às estradas rodoviárias?
Só o tempo irá dizer. Até lá, ficaremos a ver návios, ou melhor, caminhões...
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